(ENGLISH) (NEDERLANDS)
O que me surpreende todos os anos é que, aqui na Península Ibérica, o Pentecostes é quase inexistente. Quando descobri este facto, fiquei realmente surpreendido. Por muito católicos que estes países pretendam ser, têm muito pouco em conta o Domingo de Pentecostes. Acho ainda mais estranho o facto de os Países Baixos terem a segunda-feira de Pentecostes como dia oficial de folga. Embora esse dia esteja prestes a ser trocado por um feriado islâmico.
Nos últimos anos da sua vida, a minha mãe, católica, interrogava-me - nunca perdeu a esperança de que eu ganhasse mais consciência - sobre o significado do Natal, da Páscoa e do Pentecostes.
Por fim, consegui dar-lhe um breve resumo:
No Natal, os cristãos festejam o nascimento de Jesus, tudo à volta da Páscoa é uma grande penitência, depois Jesus é crucificado. No Domingo de Páscoa, Jesus ressuscita dos mortos e aparece mais uma vez com uma mensagem que simplesmente não chega às pessoas, e o Pentecostes é suposto ser a maior celebração de todas porque a humanidade recebe o Espírito Santo derramado sobre ela como último recurso. Para despertar ainda, para que todos comecem a viver a vida como ela deve ser vivida. Em paz e serenidade, consigo próprios e com os outros.
Penso que a história de Jesus é uma bela história até ao Pentecostes, inclusive. Depois disso, tudo fica quieto na terra dos cristãos. A propósito, penso que há muitas outras histórias bonitas e, na sua maioria, optimistas sobre pessoas sábias que disseram algo e a humanidade não fez nada com isso. Talvez todas essas palavras sábias tenham sido um pouco prematuras. Suponhamos que um tipo de Jesus se levantava agora no século XXI. O que aconteceria nessa altura? Continuaria a ser demasiado cedo? Não, não creio que fosse demasiado cedo ou demasiado tarde. Só não é necessário se a humanidade aprender que seguir um líder implica escravizar-se. É o que acontece quando entregamos a nossa autonomia a outrem. Seja o rei, o imperador, o primeiro-ministro ou qualquer outra alma perdida.
Mas voltando à questão de saber porque é que o Pentecostes não recebe qualquer atenção aqui em Portugal e na minha vizinha Espanha. Bem, pensei numa solução para isso.
Ao longo dos séculos, a igreja assumiu o controlo das pessoas através do medo. As histórias bíblicas foram interpretadas e reescritas de tal forma que as pessoas comuns já não se atreviam a dar um passo por medo de represálias. As pessoas eram ensinadas a sofrer e, se sofressem o suficiente, mais tarde, quando estivessem mortas, tudo estaria bem. Era essa a mensagem. É por isso que a Semana Santa (a semana que antecede o Domingo de Páscoa) é aqui celebrada com tanto esplendor, com procissões e tudo. Isto é muito mais do que a celebração do Natal. Sinto uma nuvem cinzenta a pairar sobre as pessoas no período que antecede a Semana Santa e durante essa semana. Começam a olhar com seriedade e a sofrer com o comando do calendário. Depois, todas as famílias se põem a comer juntas. Durante horas. Portanto, quando se trata de sofrer, é bom. Aqui são especialistas nisso. Basta ouvir o fado e o duende espanhol. O Pentecostes é hors catégorie porque é uma notícia muito boa. Os líderes da Igreja silenciam até à morte o dia em que a luz foi levada ao povo. A vida continua nesse dia como se nada se passasse.
Tal como a minha mãe, continuo a pensar que, se as festas religiosas devem ser celebradas, então tanto o Pentecostes merece um prémio máximo. Uma oportunidade de acordar todos os anos. O que é que uma pessoa pode querer mais?
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