

Discover more from Liesbeth Steur - Português
Estamos a aguardar o novo azeite. Entregámos mil quilos de azeitonas colhidas à mão ao lagar da nossa aldeia. Estamos curiosos sobre o rendimento em litros e a acidez. É o tema do dia e das semanas desta campanha. Todos - autóctones e imigrantes - são peritos, expertos, especialistas. Os conselhos sobre quando colher, como conservar as azeitonas colhidas, que lagar utilizar desta ou daquela aldeia, são quotidianos. Estamos habituados a isso ao longo de todos estes anos.
De uma coisa temos a certeza: nada é certo.
São muitos os factores que influenciam a qualidade do azeite e o clima é um deles. No entanto, as histórias loucas sobre os preços altíssimos do novo ouro, como é chamado o azeite, são notícia. Parece que há escassez em Espanha. Bem, connosco não há. A colheita é tão abundante que os lagares de azeite mal conseguem aguentar.
Duas semanas ao ar livre neste belo e quente fim de outono não foram um castigo e agora é mesmo tempo de continuar a escrever e a trabalhar na nova série de encontros que começa em janeiro. Dei a essa série o título:
A paz mundial começa em nós próprios, porque se não soubermos que guerras estamos a combater no nosso interior, não saberemos o que reflectimos ou mesmo atraímos para o exterior.
Os encontros oferecem a oportunidade de aprendermos uns com os outros, como somos constituídos e de darmos assim mais um passo para nos atrevermos a ser mais nós próprios. Afinal de contas, não somos diferentes dos outros. No máximo, temos uma história diferente para contar, em que acreditamos e que até nos convertemos, sem qualquer investigação.
Penso que o outro novo ouro são escritores e investigadores como Naomi Wolf. (Disponibilizo aqui as ligações em inglês da Naomi. )
Sem eles, a nuvem negra que paira sobre este mundo seria ainda maior. Esta manhã li o seu artigo Among the Rich. A Naomi continua a ser uma jornalista de investigação, apesar da oposição que enfrenta. Acho que ela é óptima no seu trabalho e tem escrito abertamente desde 2020 sobre o caminho que tomou no início da crise do coronavírus.
O seu último livro (acabado de sair) intitula-se Facing the Beast: Courage, Faith and Resistance in a New Dark Age (Enfrentar a Besta: Coragem, Fé e Resistência numa Nova Era das Trevas). Para os positivistas entre os meus leitores: não se deixem desencorajar pelo título; ele resume sucintamente a situação real do mundo.
Com tudo aquilo por que Naomi passou, desenvolveu um grande sentido de compaixão. E todos nós podemos ter isso, connosco e com todos os outros no mundo.
A maneira mais fácil é odiarmo-nos e condenarmo-nos uns aos outros. Não é necessário qualquer esforço para o fazer, por assim dizer, na cena mundial, nas famílias e nos círculos de amigos.
O caminho mais difícil é ser capaz de sentir amor por toda a gente. Porque, tal como estou aqui sentado com as portas de correr abertas enquanto o sol se põe, o amor é o único caminho a seguir.
Portugal terá certamente bons jornalistas de investigação independentes como Naomi Wolf. Ainda não os conheço, por isso, se tiverem alguma sugestão, digam-me.